Recebi de um emérito pesquisador um e-mail que coincide com minhas idéias sobre o povoamento do Brasil, notadamente na Bahia. Se formos buscar documentos raros que tratem do assunto chegaremos a conclusões verdadeiras que historiadores moralistas buscam esconder. Nas embarcações portuguesas vinham, clandestinamente, "mulheres sem remédio", para distração da marujada que apreciava fêmeas, porque também haviam muitos homossexuais portugueses, sem desmerecer ninguém. Aliás, o homossexualismo é tão antigo quanto a prostituição e o adultério. E verdade que o Padre Nobrega vendo os portugueses "canibais do sexo oposto", verificando tanta promiscuidade e poligamia, escreveu a seu superior pedindo mulheres que em Portugal não tinham como arrumar casamento e as enviasse para o Brasil. Foram as famosas órfãs, dentre as quais destaco Clemência Dória, que mais tarde some e Frei Jaboatão, por razões nada cientificas, fez Martini Dória tornar-se Clemência. Essas filigranas causam muitas dores de cabeça levando genealogistas a conjecturas anti-cientificas até que, lá adiante, suas genealogias esbarram nas sacristias e nas senzalas. Mas esqueçamos, poe breves momentos esta introdução ao documento que recebi de um ilustríssimo e incontesti pesquisador. Vejamos o hilário documento e seu risvel final:
ASSIM COMEÇOU O POVOAMENTO DA BAHIA...
Torre do Tombo é o local onde se guardam todos os documentos antigos. Está situada em Lisboa, junto à Cidade Universitária.
´ Sentença de 1587 - Trancoso, Portugal
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
SENTENÇA PROFERIDA EM 1587 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO (Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5, maço 7)
"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos,
esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou,
sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;
de cinco irmãs teve dezoito filhas;
de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;
de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;
de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;
dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas.
Total: duzentos e noventa e nove,
sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres".
Não satisfeito tal apetite, o malfadado prior, dormia ainda com um escravo adolescente de nome Joaquim Bento, que o acusou de abusar em seu vaso nefando noites seguidas quando não lá estavam as mulheres.
Acusam-lhe ainda dois ajudantes de missa, infantes menores que lhe foram obrigados a servir de pecados orais, completos e nefandos, pelos quais se culpam em defeso de seus vasos intocados, apesar da malícia exigente do malfadado prior.
[agora vem o inesperado:]
"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou pôr em liberdade aos dezessete dias do mês de Março de 1587,
com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e, em proveito de sua real fazenda,
o condena ao degredo em terras de Santa Cruz, para onde segue a viver na vila da Baía de Salvador como colaborador de povoamento português. El-rei ordena ainda guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo".
Comentário: dentre os vários nomes pelos quais “aquilo” é conhecido, inclui-se este: vaso nefando.
Vivendo e aprendendo...
(*) Relembrando que ...
- Vaso nefando de bêbado não tem dono!!!
Torre do Tombo é o local onde se guardam todos os documentos antigos. Está situada em Lisboa, junto à Cidade Universitária.
´ Sentença de 1587 - Trancoso, Portugal
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
SENTENÇA PROFERIDA EM 1587 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO (Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5, maço 7)
"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos,
esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou,
sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;
de cinco irmãs teve dezoito filhas;
de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;
de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;
de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;
dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas.
Total: duzentos e noventa e nove,
sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres".
Não satisfeito tal apetite, o malfadado prior, dormia ainda com um escravo adolescente de nome Joaquim Bento, que o acusou de abusar em seu vaso nefando noites seguidas quando não lá estavam as mulheres.
Acusam-lhe ainda dois ajudantes de missa, infantes menores que lhe foram obrigados a servir de pecados orais, completos e nefandos, pelos quais se culpam em defeso de seus vasos intocados, apesar da malícia exigente do malfadado prior.
[agora vem o inesperado:]
"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou pôr em liberdade aos dezessete dias do mês de Março de 1587,
com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e, em proveito de sua real fazenda,
o condena ao degredo em terras de Santa Cruz, para onde segue a viver na vila da Baía de Salvador como colaborador de povoamento português. El-rei ordena ainda guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo".
Comentário: dentre os vários nomes pelos quais “aquilo” é conhecido, inclui-se este: vaso nefando.
Vivendo e aprendendo...
(*) Relembrando que ...
- Vaso nefando de bêbado não tem dono!!!