O retrato bonito que pintei de todos era para sempre perpetuarem a beleza de quem retratei e, no entanto, nunca pude imaginar que esses belíssimos óleo sobre telas pudessem modificar-se a si mesmo como se fossem um quadro de Dorian Grey.
Tento retocar cada quadro, dar-lhes uma nova luz, avivando os rostos e retirando rugas precoces. Repudio a idéia de, também em vida, olhar fisionomias dantescamente alteradas por uma aliança espúria com o demônio. Recuso-me aceitar que a ficção se transforme em realidade. Como é penoso sentir, ver, ouvir, tocar, ter olfato e paladar e, mais que isso, estar em uma outra dimensão como se eu pudesse ser imortal dentre os mortais, por imaginar, apenas, que meu mundo é tão diferente dos que vivem no plano material. Minha alma e meu espírito voam como um sopro de vida para lugares fantásticos, onde impera o bem estar comum e não há inveja, nem outros sentimentos que só amesquinham seres humanos que deveriam entender-se como humanos e com toda humanidade possível.
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