domingo, 24 de março de 2013

Transtornos de abuso de álcool e drogas


 
Print version ISSN 1516-4446
Rev. Bras. Psiquiatr. vol.30 suppl.2 São Paulo Oct. 2008
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462008000600006 


ARTIGOS

Terapia cognitivo-comportamental de transtornos de abuso de álcool e drogas

Bernard P RangéI; G Alan MarlattII

IPrograma de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil 

IICentro de Pesquisa em Comportamentos Adictivos, Universidade de Washington, EUA


RESUMO

OBJETIVO: Entre os diversos tipos de tratamentos aos quais as terapias cognitiva e comportamental têm sido aplicadas com sucesso encontra-se o uso em problemas de adicção. Este artigo, em parte, revê modelos de adicção como os de prevenção de recaídas de Marlatt e Gordon, o de Prochaska, DiClemente e Norcross sobre os estágios de mudança, com a derivação da entrevista motivacional, desenvolvida por Miller e Rollnick, bem como os modelos cognitivos de Beck et al. 


MÉTODO: Com base em evidências da literatura para o desenvolvimento de programas de tratamento efetivos, é descrito um modelo de tratamento em grupo que foi usado com grupos de alcoolistas encaminhados pela Divisão de Vigilância da Saúde do Trabalhador da Universidade Federal do Rio de Janeiro para o Centro de Pesquisa e Reabilitação do Alcoolismo. 


RESULTADOS: Os resultados são apresentados indicando que este tipo de tratamento poderia ser uma alternativa a outros tratamentos em uso. 

CONCLUSÕES: Novas pesquisas são necessárias para validar melhor a abordagem cognitivo-comportamental para os problemas de abuso de álcool e drogas.

Descritores: Fobia social; Terapia cognitivo-comportamental; Timidez; Ansiedade; Transtornos relacionados ao uso de substâncias


Introdução

Transtornos relacionados a substâncias geralmente causam prejuízos importantes e complicações graves, resultando em deterioração da saúde geral do indivíduo, além de produzir efeitos negativos nos contextos pessoal, social e profissional. O consumo repetido de altas doses de álcool pode afetar quase todos os sistemas orgânicos, principalmente o trato gastrointestinal e os sistemas cardiovascular e nervoso (déficits cognitivos, déficit de memória grave e alterações degenerativas no cerebelo).

A dependência e o abuso de álcool representam um grande problema de saúde pública. Mesmo os melhores tratamentos para o alcoolismo apresentam prognósticos pouco favoráveis, e o prognóstico para pacientes com maior cronicidade é ainda menos favorável.

A Associação Americana de Psiquiatria (APA) estabeleceu critérios diagnósticos para abuso e dependência de substâncias.1

Critérios para abuso de substância do DSM-IV

A. Um padrão mal-adaptativo de uso de substância levando ao prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por um (ou mais) dos seguintes aspectos, ocorrendo dentro de um período de 12 meses:

• uso recorrente da substância, resultando em um fracasso em cumprir obrigações importantes relativas a seu papel no trabalho, na escola ou em casa

• uso recorrente da substância em situações nas quais isto representa perigo físico

• problemas legais recorrentes relacionados à substância

• uso continuado da substância, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes

B. Os sintomas jamais satisfizeram os critérios para Dependência de Substância.

Critérios para dependência de substância do DSM-IV

Padrão mal-adaptativo de uso de substância, levando ao prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por três (ou mais) dos seguintes critérios, ocorrendo a qualquer momento no mesmo período de 12 meses:

1) tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos:

a) uma necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para adquirir a intoxicação ou efeito desejado

b) acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade de substância

2) abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes aspectos:

a) síndrome de abstinência característica para a substância

b) a mesma substância (ou uma substância estreitamente relacionada) é consumida para aliviar ou evitar sintomas de abstinência

3) a substância é freqüentemente consumida em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido

4) existe um desejo persistente ou esforços mal-sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância

5) muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância (por ex., consultas a múltiplos médicos ou fazer longas viagens de automóvel), na utilização da substância (por ex., fumar em grupo) ou na recuperação de seus efeitos

6) importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância

7) o uso da substância continua, apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela substância (por ex., uso atual de cocaína, embora o indivíduo reconheça que sua depressão é induzida por ela, ou consumo continuado de bebidas alcoólicas,embora o indivíduo reconheça que uma úlcera piorou pelo consumo do álcool)


terça-feira, 12 de março de 2013

Radical: desabafo de uma destruída



“E hoje eu posso dizer com toda a certeza do mundo: pega tudo o que tem aqui teu e leva de volta. Eu não quero mais suas cartas, não quero suas fotos, suas lembranças, nem aquele coração de metal que você fez com clips quando brigamos e me deu só pra que eu não ficasse brava contigo, nem isso eu quero mais… Pega tudo e leva. Leva porque tudo isso me lembra a pessoa boa que você era e na minha mente eu só quero o que é de verdade. Aquela pessoa não era você. Aquilo tudo nunca existiu. Então leva tuas coisas, leva absolutamente tudo embora, eu não quero nem nessa casa, e nem dentro de mim mais nada seu, então cata tudo, e aproveita e recolhe o sentimento que ainda existe no meu peito, guarda em uma caixa, e vaza. Eu não suporto mais ter que conviver com as lembranças e incertezas, e tudo é culpa sua. E minha. E nossa. E de todo mundo. Meu Deus! Você me enlouquece! Eu não consigo raciocionar por um segundo sem que você invada meus pensamentos e me faça ficar com um ódio tão grande que sou capaz de quebrar qualquer objeto que esteja em minha frente. Você conseguiu destruir tudo. Você conseguiu quebrar meu coração em pedaços e não falo isso como um tipo de “drama”. Sabe aquela história clássica da menina apaixonada que entrega seu coração, corpo e alma à pessoa amada, e essa mesma destrói tudo? Você fez isso. Você pegou tudo o que eu tinha e demoliu. E agora minha vontade é de demolir você! Por mim, chega. Eu não aguento mais ver minha tristeza sendo jogada pro alto como confete por você. Você brinca, se diverte com isso, você supera rápido, de uma forma inacreditável e eu… e eu sou a típica vítima da história, que hoje está aqui dizendo que superou e que não se importa, mas fazendo um texto socando as teclas com o maior arrependimento do mundo, e isso era o que eu mais temia, pois você me fazia acreditar que por mais doída que a situação seja, não devemos nos arrepender de nada que nos fez sorrir, mas hoje eu me arrependo de ter te dado a primeira chance que fosse. Eu estou arrependida. Com todas as letras, de todas as formas. E sinceramente? Eu te culpo por isso. Então já falei demais, e se falar mais vou acabar falando o que não devo, então junta teus restos, tira tudo do meu campo de visão e vai pro lugar mais longe o possível de mim. Me deixa em paz. Vai, e dessa vez, por favor, eu te imploro… não volta.”

 Desabafo de uma destruída
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CRÉDITO: HTTP://ANCOR4DA.TUMBLR.COM/POST/43667241750/E-HOJE-EU-POSSO-DIZER-COM-TODA-A-CERTEZA-DO-MUNDO

segunda-feira, 11 de março de 2013

FIDELIDADE, por Dr. Laís Marques da Silva



Analisemos o oposto, isto é, a infidelidade que é a incapacidade de sermos fieis a nós mesmos, ao que pensamos, ao que amamos, ao que dissemos, ao que prometemos. A infidelidade é como uma rachadura num dique, termina em avalanche.

É um inimigo insidioso do ser humano no plano psíquico e ainda mais destruidor nos planos intelectual e espiritual, onde o equilíbrio é indispensável à felicidade.

Ser infiel implica na autodestruição invisível da nossa unidade pessoal.

Quem não é fiel coloca-se abaixo da sua própria humanidade e uma das maiores alegrias que se pode ter está em ajudar as pessoas entenderem e desenvolverem a sua própria humanidade.

A esse respeito, a história do profeta Jonas é muito ilustrativa. A palavra Jonas vem de iona, que quer dizer a pomba de asas cortadas. Jonas foi chamado para Nínive, onde muita coisa ruim estava acontecendo e a cidade caminhava para a destruição. Mas não acreditou nele mesmo, não foi fiel ao seu compromisso e resolveu ir a passeio para um outro lugar, atendendo ao convite sedutor da fraqueza. Isso fez com que ficasse doente pois não estava em paz, não estava bem consigo mesmo. O fato de não estar em paz adoece as pessoas. A doença é um fax que recebemos e é preciso entender o que está acontecendo quando se fica doente. O problema surge quando nos desviamos do nosso caminho, quando nos desviamos da nossa fé. Mas veio a tempestade, que ocorre sempre que não se está bem consigo mesmo, com a própria consciência, com quem não tem integridade. Foi jogado ao mar e, já na barriga da baleia, reconheceu que havia fugido da palavra dada, do compromisso e decidiu reassumi-lo novamente. Depois, foi jogado na praia e podemos entender este fato como o início de uma nova vida. Temos que vencer o nosso Jonas interior, ser fiel ao que pensamos, acreditar no que somos e agir com integridade.

Fidelidade à palavra é uma prova de caráter. A prova oral sendo mais importante do que a escrita. Fidelidade é coerência, é permanência. Ser fiel é ir do não ser para o ser. É permanecer no ser. É essencial para a coesão da personalidade.

A fidelidade é a virtude socrática por excelência, conhece-te a ti mesmo. O passado e o futuro são plásticos e podem ser modelados pela memória enquanto que o presente é obtuso e obstinado, o presente simplesmente é. A fidelidade é o caminho natural para a fé, suprema virtualidade transcendental, para o encontro da verdade.

A fidelidade não é a nota típica ou dominante na onda do relativismo pessoal, intelectual, moral ou político que está corrompendo a nossa civilização.

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