segunda-feira, 11 de março de 2013

FIDELIDADE, por Dr. Laís Marques da Silva



Analisemos o oposto, isto é, a infidelidade que é a incapacidade de sermos fieis a nós mesmos, ao que pensamos, ao que amamos, ao que dissemos, ao que prometemos. A infidelidade é como uma rachadura num dique, termina em avalanche.

É um inimigo insidioso do ser humano no plano psíquico e ainda mais destruidor nos planos intelectual e espiritual, onde o equilíbrio é indispensável à felicidade.

Ser infiel implica na autodestruição invisível da nossa unidade pessoal.

Quem não é fiel coloca-se abaixo da sua própria humanidade e uma das maiores alegrias que se pode ter está em ajudar as pessoas entenderem e desenvolverem a sua própria humanidade.

A esse respeito, a história do profeta Jonas é muito ilustrativa. A palavra Jonas vem de iona, que quer dizer a pomba de asas cortadas. Jonas foi chamado para Nínive, onde muita coisa ruim estava acontecendo e a cidade caminhava para a destruição. Mas não acreditou nele mesmo, não foi fiel ao seu compromisso e resolveu ir a passeio para um outro lugar, atendendo ao convite sedutor da fraqueza. Isso fez com que ficasse doente pois não estava em paz, não estava bem consigo mesmo. O fato de não estar em paz adoece as pessoas. A doença é um fax que recebemos e é preciso entender o que está acontecendo quando se fica doente. O problema surge quando nos desviamos do nosso caminho, quando nos desviamos da nossa fé. Mas veio a tempestade, que ocorre sempre que não se está bem consigo mesmo, com a própria consciência, com quem não tem integridade. Foi jogado ao mar e, já na barriga da baleia, reconheceu que havia fugido da palavra dada, do compromisso e decidiu reassumi-lo novamente. Depois, foi jogado na praia e podemos entender este fato como o início de uma nova vida. Temos que vencer o nosso Jonas interior, ser fiel ao que pensamos, acreditar no que somos e agir com integridade.

Fidelidade à palavra é uma prova de caráter. A prova oral sendo mais importante do que a escrita. Fidelidade é coerência, é permanência. Ser fiel é ir do não ser para o ser. É permanecer no ser. É essencial para a coesão da personalidade.

A fidelidade é a virtude socrática por excelência, conhece-te a ti mesmo. O passado e o futuro são plásticos e podem ser modelados pela memória enquanto que o presente é obtuso e obstinado, o presente simplesmente é. A fidelidade é o caminho natural para a fé, suprema virtualidade transcendental, para o encontro da verdade.

A fidelidade não é a nota típica ou dominante na onda do relativismo pessoal, intelectual, moral ou político que está corrompendo a nossa civilização.

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