A MULHER DE ROXO
Dona Florinda Grandwzester era uma das personalidades mais conhecidas do povo baiano e visitantes. Seu nome está vinculado ao folclore e à cultura popular, e sua figura ilustrou folhetos e cartazes de festas tradicionais como o carnaval. Trata-se da denominada “Mulher de Roxo” que por muitos anos marcou presença nas avenidas do centro, principalmente entre a Rua Chile e o Terreiro de Jesus. Trajando uma espécie de hábito roxo e portando um enorme crucifixo no pescoço, ela começou a ser esquecida, exatamente, quando a doença prostou-a na sarjeta e os pés ulcerados começavam a apodrecer. Recolhida e internada na unidade médico-social de Irmã Dulce, recebeu tratamento necessário e restabelecida conviveu com as demais internas sem perder o bom humor e a personalidade que sempre a caracterizaram. Sempre misteriosa quanto a seu passado, dizia ter nascido em 1935 e ter sido professora em Periperi. Faleceu em 05/04/1997.
(SILVA, Cecília Luz da, A cidade do Salvador nos seus 454 anos, Editora da Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2005)
MULHER DE ROXO
(Alex Simões - 1993)
Não me espanta a solidão da vida
nem me amedronta o tédio do normal,
pois sei da angústia que te faz igual
a mim, da bofetada enfurecida
que levamos na trilha mal seguida
e tão marcada pela mão do Mal
que nos fizemos, por não sermos tal
como devíamos: de fronte erguida
e peito aberto, irmãos e confiantes.
No entanto somos desiguais, distantes
de nossos corações que nem sentimos.
Por isso o tapa que a vida me deu
e a dor que todos nós nos repartimos
devolvo em dobro no semblante teu.
Crédito: Salvador, Cultura Todo Dia
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