quinta-feira, 8 de julho de 2010

Confidências de Glauber prá Joca (João Carlos Teixeira Gomes)

Confidências de Glauber pra Joca

Em carta a Joca, Glauber o nomeia como " Santo Guerreiro" e cita "Toninho Bacalhau" (ACM), como sendo o Dragão da Maldade.

Autoriza Joca: " desde já, se as eleições forem diretas, autorizo você, Flori, Peres, Calá, Sante, João Ubaldo, mesmo Guerrinha e Bananeira, em nome dos dialéticos fundamentos tribais revolucionários do Grupo Mapa/Jogralesca- os venerandos membros do Terreiro, a transarem minha candidatura" Glauber queria ser Governador da Bahia.

Sobre as mulheres: "Vês meu caro Vate, como fomos aí na Bahia formados santificando ou putificando a mulher. Santas são nossas mães e irmãs, putas nossas mulheres e filhas. E quando você se apaixonou por Neuza no puteiro de Nair, tá lembrado como ela te amava e foi até o Central, e você gamadíssimo, até lhe fez poema, mas a Puta não ganhou o coração do poeta, as putas ficam no puteiro as Santas a gente leva pra casa pra comer com pudor porque quem goza mesmo é puta e sendo paga é falsa logo não vale, melhor mesmo é amor reprimido numa sexualidade dor/prazer, afinal a gente conhece senão a literatura machista ou o cinema machista onde mulher é sempre puta ou santa! "

Confessa a Joca: "Florisvaldo Matos se casou com Sônia Coutinho, João Ubaldo com Beatriz Moreira Caldas, eu com Helena Ignez, casamentos fodidos por corneação, sendo que eu e Flori pegamos chifres e Ubaldo nos vingou na belíssima e maravilhosa Bilê"


Sobre Joca: " De nossa turma você era o último romântico filho de um comerciante português com uma mulher da burguesia baiana liberal, afinal Célia, Ivone e Wanda eram mulheres independentes nesta Bahia provinciana"



Joca: "No Central eu tarei por Milze, você por Eliete, Lina por você, Célia por mim, Iracy por você, você por Iracy, Guerra por Elcy, Elcy por Julia, Júlia por Wilma, eu por Maria Meron, ela pelo Herval, muitos por ela, o puteiro de Nair, Jaiminho por Rosa, Gil por Maria, Calá por Maria" Confissões de Glauber

Pedido a Joca: "Quando eu morrer escreva no Jornal da Bahia que, como Álvares Azevedo, foi poeta/sonhou/amou na vida" p. 563

Sobre a prima de Joca: "Rosa Maria era uma das moças mais lindas e inteligentes do Brasil. Grande potência sexual em sua família "

Sobre Joca: " homem de poder pois dirige jornal de oposição, Jornal da Bahia, é professor literário universitário e intelectual crítico e poeta de vanguarda baiana. Honesto, corajoso, enfrentou batalha violenta com o governador Antônio Carlos Magalhães. Nessa época ví uma fotografia sua na revista Veja, abraçado com Iracy, que estava linda."

Sobre João Falcão: "Não quero ser correspondente de João Falcão. Quando lhe escrevi queria mas lembrei que lhe mandei carta de demissão, o acusando de ter traído a revolução"

Voltando a Joca: "Debaixo do Boca do Inferno, Joca, exímio manipulador dos metros sonoros do verso, esconde-se o satírico sensual, pornográfico ainda não revelado. Despreza o épico, por isto atacou Toninho: morro de vontade de ler seus editoriais contra Toninho.Mande-me os xeroques! "

Sobre ele próprio: "se voltasse hoje à Bahia pobre como sou viveria marginal porque não me adaptaria ao trabalho. Meus amigos me dariam biscates nos jornais. Para sobreviver necessito do Rio. Na Bahia a Utopia"

Aconselha Joca: "Se você quiser fazer do Jornal da Bahia o melhor jornal do Brasil como foi na época da sua criação, bote a nova geração dentro. Revolucione os quadros. Quantos jovens escritores baianos esperam uma chance? Balance o coreto. Movimente o jornal com gente nova, como Ari e Ignácio fizeram com a gente. Renascença cultural baiana."

Recorda: "Lembro quando lhe conheci bonito bem vestido elegante de óculos Ray-Ban e íamos passear nas matinês dominicais até que ampliei com a turma do central a quem você sempre reagia mas integrava na transação poética. Você de voz tão bonita esteve ausente das Jogralescas e se apaixonou por Iracy. Você foi o único que se casou com uma jogralesca."

Opinião final de Glauber sobre Joca:  "Conversar com você é libertar a juventude"

Nota: a ordem das citações não obedece a mesma ordem em que as frases se encontram nas cartas de Glauber a Joca.

Bananeira é apelido de Fernando Rocha, um excelente jornalista, sobre quem, João Ubaldo Ribeiro escreveu uma excelente crônica em jornal local.

Peres é Fernando da Rocha Peres, Flori é Florisvaldo Matos, Calé é Calazans Neto, Sante é Scaldaferri, Guerrinha é Antônio Guerra Lima. Faltou citar Siri, que é Agnaldo Siri Azevedo.  Todos os citados são grandes personalidades, todos bem sucedidos na vida e realizados.

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