quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Eugénio Tavares, Exilado



Pensa no que há de mais sombrio e triste;
terás, destes meus dias vaga imagem;
soturnos céus – como tu nunca viste –
nunca os doirou o halo de uma miragem.
O sol – um sol que só de nome existe –
envolto na algidez e na brumagem
dum frio como tu nunca sentiste,
do nosso sol parece a morta imagem
imerge o retransido pensamento
nas noites mais escuras, mais glaciais,
prenhes de raios e vendavais;
verás que anos de dor, esse momento
passado, na saudade e no penar,
longe do sol vital do teu olhar!
(Fairhaven, 1900)

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