quarta-feira, 16 de maio de 2012

Pobre Maria

O mundo quando ela partiu era preto e branco. Hoje este mesmo mundo readquiriu as cores perdidas pelos atos insanos praticados. Mesmo assim, ela caminha a esmo, com o mesmo ramalhete de flores. O vestido pode ser visualizado como realmente é. Seus cabelos ganharam nova definição. E ela vai dançando ao sabor do vento. Dizem que agora conversa normalmente e se comunica com pessoas que um dia irão lhe faltar. E ela se apega às pessoas, como uma ostra se prende no rochedo. Quando sua estrela se apagar e se fizer escuro, ela não saberá o que fazer da vida. Ela não sabe porque a vida para ela é um jogo de azar e ela só faz perder. Qual será o seu rumo. Aonde irá morar? ele é astuciosa, mas também fútil. Não sabe o que é propriedade, nem o que é incomodar parentes. Ela trama bobagens. Pensa mil e uma maneiras de sobreviver. Ensinam-lhe como arrumar aposentadoria. Tem um advogado que "faz isso" e ela acredita. Pensa que será aceita se fizer tudo o que for necessário para agradar terceiros, ainda que parentes. Nunca percebeu o que é ser um estorvo na vida desses terceiros, apesar de já ter vivenciado essa coisa de ser hospede e de ver a hospedaria desmanchar-se repentinamente e de ter que arribar por caminhos incertos. Ela, uma louca, pensa que faz o caminho. Tola, pobre criança crescida que se imagina madura e faz da vida uma corda bamba, pondo a felicidade como uma linha tênue que deve percorrer, como uma equilibrista que não pode cair, pois, abaixo, logo abaixo do caminho da felicidade existe um fio de navalha e ela não pode cair. Precisa de muito equilíbrio para fazer esta travessia e ela sabe que não pode, não consegue. É como querer atravessar um precipício com um salto mágico.   Como é triste viver na corda bamba, por um fio de navalha. Que fazer? nem ela sabe e nem quer saber. No mundo da loucura não existe a palavra dificuldade e ela desfila com seu ramalhete de flores, dessas que se levam em dia de finados às sepulturas de parentes findos. E segue, imprevidentemente segue seus sonhos... vai no embalo do que ouve quando o galo canta de madrugada. Houve momentos que ela se achava Maria Bonita, mas não havia nenhum Lampião que pudesse faze´la sentir-se como a mais bonita. E ela sonha, sem despertar para a realidade dura da vida. Vai, vai e vai, para onde e até quando ninguém sabe. O final do filme é sempre triste na vida dela, sempre acaba em lágrimas. Vai, dançarina, baile com o vento, que nem sempre é brisa ou calmaria. Atente que é difícil bailar com um ciclone, mas, na sua loucura, tente. Talvez o vento lhe transporte para algum lugar indefinido, desses que, no triângulo das Bermudas faz desaparecer aviões e navios... vai, segue o seu destino, tal e qual uma Maria vai com as outras...                                                                                                                                                                    

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