segunda-feira, 21 de maio de 2012

Hospício, ou a casa dos mortos!


"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." Carl Jung


A luta antimanicomial é um fator de relevância que não somente profissionais de Psicologia estão inseridos, mas também diversos outros profissionais, principalmente os profissionais de saúde, e digo mais, todos nós enquanto cidadãos críticos deveríamos pensar essa relação, pois todos nós somos considerados “loucos em potencial”. E este movimento é importante, pois trata sobre assuntos que se refere às mudanças no modo de cuidar dos indivíduos categorizados como loucos e, sobretudo, na garantia de seus direitos e de sua reinserção social.

Esse movimento está acontecendo porque os indivíduos, e principalmente os profissionais de saúde estão conseguindo observar que é necessária uma reforma no que diz respeito à concepção de saúde mental, sendo que a atual concepção de saúde mental é muito reducionista (possui ou não doença) e se possuir, a sociedade institucionaliza, pois aqueles são considerados inválidos para a sociedade, sendo assim ainda em pleno século XXI esse sistema categoriza as pessoas no “quadrado” da ciência.

A Psicologia já categorizou muitas pessoas no passado, principalmente com a criação dos testes de inteligência, e ela, juntamente com outras áreas do saber, estão lutando para minimizar os danos já causados e eliminar quaisquer formas de categorizações, negligências, opressões, visto que o espírito da época mudou: já temos consciência das categorizações, já temos uma Declaração Universal dos Direitos Humanos, o que mais precisamos inventar para que haja um combate à categorização/institucionalização das pessoas? Talvez uma Reforma Psiquiátrica? Se for realmente nesta ótica, estamos percorrendo um caminho certo, pois
a atuação do movimento de luta antimanicomial está sendo importante no sentido de estar pressionando para a efetivação da Reforma Psiquiátrica com o conseqüente fim dos hospitais psiquiátricos e fortalecimento da rede de atenção à saúde mental de base comunitária e atenção à saúde de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, a atuação do referido movimento é relevante para a luta pelos direitos dos portadores de transtornos mentais, sobretudo no que diz respeito às denuncias da violação de tais direitos. (MUSTAFÁ, 2007, p.516)
Em nota divulgada na POL (Psicologia Online), a psicóloga Ana Bock, então presidente do Conselho Federal de Psicologia, afirma que o processo que acaba com os manicômios no Brasil tem sido realizado de maneira muito lenta, enquanto defende a aceleração do processo. Segundo Bock, nesse ritmo, levariam 30 anos para desativar por completo os hospitais psiquiátricos e garante que o conselho irá pressionar cada vez mais as autoridades federais para que esse ritmo não seja aceito.

Portanto, a Psicologia está fazendo a sua parte juntamente com outras áreas do saber a fim de acabar com essas institucionalizações físicas, que categorizaram e categorizam milhares de pessoas ainda, porém, é válido ressaltar novamente que a categorização e institucionalização estão em nossos olhos, acabar com as instituições físicas somente não surtirá efeito, o importante realmente é acabar com esses preconceitos e indiferenças perante os nossos olhos a fim de proporcionar bem-estar e qualidade de vida àqueles indivíduos que estão vivendo neste triste contexto.

Uma sugestão: para os interessados em saber a realidade dos manicômios no contexto brasileiro, eu indico o filme "Bicho de 7 cabeças". 




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MUSTAFÁ, M. A. M. O Movimento da luta antimanicomial no Brasil e os Direitos Humanos dos portadores de transtornos mentais (2007). Disponível em: < http://www.sociologia.ufsc.br/npms/paula_v_grunpeter.pdf . Acesso em: 03 dez. 2011.


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