O complexo de Édipo é um conceito fundamental para a psicanálise, entendido por esta como sendo universal e, portanto, característico de todos os seres humanos.
O complexo de Édipo caracteriza-se por sentimentos contraditórios de amor e hostilidade.
Metaforicamente, este conceito é visto como amor à mãe e ódio ao pai (não que o pai seja exclusivo, pode ser qualquer outra pessoa que desvie a atenção que ela tem para com o filho), mas esta idéia permanece, apenas, porque o mundo infantil se resume a estas figuras parentais ou aos representantes delas.
Uma vez que o ser humano não pode ser concebido sem um pai ou uma mãe (ainda que nunca venha a conhecer uma destas partes ou as duas), a relação que existe nesta tríade é, segundo a psicanálise, a essência do conflito do ser humano. [1]
A idéia central do conceito de complexo de Édipo inicia-se na ilusão de que o bebê tem de possuir protecção e amor total, reforçado pelos cuidados intensivos que o recém nascido recebe pela sua condição frágil. Esta protecção está relacionada, de maneira mais significativa, com a figura materna.
Em torno dos três anos, a criança começa a entrar em contacto com algumas situações em que sofre interdições, facilmente exemplificadas pelas proibições que começam a acontecer nesta idade. A criança já não pode fazer certas coisas, não pode mais passar a noite inteira na cama dos pais, andar despida pela casa ou na praia, é incentivada a sentar-se de forma correcta e a controlar os esfíncteres, além de outras exigências. Neste momento, a criança começa a perceber que não é o centro do mundo e precisa de renunciar ao mundo organizado em que se encontra e também à sua ilusão de protecção e de amor materno exclusivo.
O complexo de Édipo é muito importante porque caracteriza a diferenciação do sujeito em relação aos pais. A criança começa a perceber que os pais pertencem a uma realidade cultural e que não podem dedicar-se apenas a ela porque possuem outros compromissos. A figura do pai representa a inserção da criança na cultura, é a ordem cultural. A criança também começa a perceber que o pai pertence à mãe e por isso dirige sentimentos hostis em relação a este.[1]
Estes sentimentos são contraditórios porque a criança também ama esta figura que hostiliza. A diferenciação do sujeito é permeada pela identificação da criança com um dos pais. Na identificação positiva, o menino identifica-se com o pai e a menina com a mãe. O menino tem o desejo de ser forte como o pai e ao mesmo tempo tem “ódio” por ciúme. A menina é hostil à mãe porque ela possui o pai e ao mesmo tempo quer parecer-se com ela para competir e tem medo de perder o amor da mãe, que foi sempre tão acolhedora.
Na identificação negativa, o medo de perder aquele a quem hostilizamos faz com que a identificação aconteça com a figura de sexo oposto e isto pode gerar comportamentos homossexuais.
Com a resolução do complexo de Édipo, o reinado dos impulsos e dos instintos eleva-se para um plano mais racional.
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Referências
1. a b KUSNETZOFF, Juan Carlos, Nova Fronteira, Introdução à Psicopatologia Psicanalítica, 8ª edição, 1994. ISBN 8520904327
Fonte: WIKIPÉDIA