sábado, 23 de agosto de 2014

Ser honesto consigo mesmo


por Vera Lucia Ferreira - luzreiki@uol.com.br

No texto anterior escrevi sobre o reconhecimento de nosso poder pessoal. Aqui destacarei o papel fundamental da honestidade neste processo. 

Honestidade é um tema complexo e delicado, portanto difícil de ser abordado e até de ser compreendido, pois está sujeito a valores pessoais. O enfoque deste artigo é a honestidade consigo mesmo, significando aqui o olhar-se tão profundamente, a ponto de sermos capazes de ficar diante do que gostamos e rejeitamos em nós mesmos, acolhendo-nos por inteiro, sem julgamentos e com gentileza.

Já foi dito e é sempre repetido que o conhecimento da verdade liberta o homem, referência clara ao conhecimento de Deus. Para que você se torne um ser livre, conhecedor portanto da verdade, antes de mais nada precisa ficar diante de si mesmo. É a maneira que o coloca mais próximo Deus, uma vez que Ele está dentro de você, naquele local sagrado, imutável e sensível ao belo - o seu coração.

Então, aceitar e honrar a verdade é o primeiro passo para a construção de sua auto-estima e você pode fazer isto agora, começando da onde você está. Nada é preciso mudar. Aqui, mudança é conseqüência. Para ajudá-lo nesse reconhecimento e tornar mais fácil a sua percepção, do quanto você se auto-engana, vou destacar alguns tópicos que me chamam a atenção, no meu trabalho como terapeuta e que também foram destacados por H. Palmer, em seu livro Vivendo Deliberadamente.

1 - Sem honestidade consigo mesma uma pessoa:

*Substitui* sentimentos genuínos por pensamentos racionalizados. Ex: Eu posso lhe perguntar: "Como você se sente?" e você pensa: "O que eu deveria sentir?" Ou seja, a sua experiência real e presente é substituída por uma resposta "intelectualizada, explicada e justificada", afastada da realidade de seus sentimentos e emoções verdadeiras;

*Ilude,manipula e camufla* interesses egoistas, que prejudicam seu próximo, exibindo "sentimentos honestos", tais como: "Sua desconfiança me magoa profundamente." ou seja, coloca-se sempre na defensiva.Faz isso de maneiras variadas;

*Diminui* o respeito pelo outro porque não se respeita. Ou seja, uma vez que você não é capaz de olhar os seus eus abandonados e perdidos,assumi-los e repeitá-los conseqüentemente,você não tem como respeitar quem se relaciona com você.

2 - Assim funciona a falta de honestidade consigo mesmo(a):

* Na sua fragmentação, existe uma parte em você mesmo(a) que insiste que é honesta sem mesmo analisar o que está fazendo ou dizendo. Funciona automaticamente:"Eu não fiz isso.", "Isso não tem nada a ver comigo.", "Eu não ajo assim." ,"Não é o meu caso." É mais fácil para você defender as suas ações do que examiná-las honestamente;

* Você sempre aceita que existe uma boa razão para ser desonesto, mesmo que de forma inconsciente. Aqui cabe aquele medo que abordei no meu artigo anterior: o medo de quem tememos ser: "você é desonesto consigo mesmo para evitar algo de que você tem medo e você sempre acha que essa é uma boa razão para o auto-engano.";

* O seu medo baseia-se em uma crença, em um pensamento limitante que você tem sobre você e, conseqüentemente,na incapacidade que você julga ter para lidar com alguma coisa. Você não tem coragem para ficar diante do que você teme e mente para si mesmo(a);

* A crença, responsável pelo seu medo, quase sempre está camuflada pelas defesas que você construiu para protegê-lo(a) da "vergonha" que você tem da "humilhação", em ter que encará-la;

* Aos poucos você se torna um "fingido" e canaliza toda a sua energia na construção de uma falsa identidade, que você precisa manter e encenar, para que a mentira se torne "verdade", para você e para o outro;

3 - As consequências da não honestidade consigo mesmo(a) são:

* Como você "finge" se sente culpado e, para se defender de sua culpa, você projeta nas outra pessoas a responsabilidade pelos fatos, ações, pensamentos, sentimentos e intenções que você reluta em expressar;

* Você projeta no outro e no mundo a sua desonestidade secreta, que acaba por retornar para você nas ações de estranhos.É a lei da atração!

4 - O que fazer para tornar-se honesto consigo mesmo(a):

* Ter uma atitude de encarar e lidar com o que você considera perigoso, difícil e doloroso, ao invés de fugir(fingir). É a atitude que chamo de coragem - agir com o coração;

* Lembrar que fingir é cansativo e drena a sua energia. Isso porque é uma tentativa de demonstrar alguma coisa que é diferente do que você sente, pensa e acredita;

* Descobrir o medo que está oculto por trás do seu fingimento.Nada como respirar o ar puro para encarar um ato desonesto e dizer: " Eu fiz isso porque estava com medo!" Quando você fizer isso, terá dado o primeiro passo e poderá trabalhar sobre você mesmo(a), tornando-se uma pessoa íntegra, verdadeira e compromissada consigo mesma.

Não esqueça que todos nós nascemos com uma centelha divina, que brilha a todo momento que expressamos o melhor de nós. Reconhecê-la resulta no estabelecimento de relacionamentos autênticos com o nosso próximo, conosco mesmos e com o mundo. Deixamos de lado a falsidade, a mentira, a competição e as substituimos por autenticidade, disponibilidade e cooperação. O sentimento de unidade com o outro toma o lugar dos sentimentos que nos separam. 

Ser honesto consigo mesmo(a)é um reconhecimento de seu vínculo com a Fonte. Nada precisa ser temido porque você está na Paz de Deus.


Vera Lucia Ferreira é psicóloga, renascedora e mestre de Reiki.
Tels para contato: 213350-2843 / 2193027394
Sites: www.luzreiki.com.br / www.renascendo.com.br

Fonte:Somos todos um http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=09472

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Mulheres na política declaram apoio à presidenta Dilma

Com as eleições presidenciais cada vez mais próximas, é notório o quanto a candidata à reeleição, presidenta Dilma Rousseff, vem recebendo apoio de diversos setores da sociedade. Nesta quarta-feira (13), mulheres filiadas aos partidos que apoiam a candidatura da atual presidenta, emitiram uma nota oficial. 

Bancada feminina da Câmara com a presidenta Dilma RousseffBancada feminina da Câmara com a presidenta Dilma Rousseff De acordo com o documento, as mulheres declaram apoio à presidenta porque em seu governo ela priorizou políticas de gênero e fortaleceu a Secretaria de Políticas para as Mulheres, além de ter aprofundado mudanças iniciadas no Governo Lula voltadas ao combate à discriminação de gênero, raça e orientação sexual e à violência contra a mulher. 

Leia o documento na íntegra: 

Mulheres com Dilma

Nós, mulheres de todas as raças, etnias, credo, convicções políticas, orientação sexual e classes sociais estamos com Dilma nesta eleição porque seu governo vem cumprindo os compromissos de formulação e implementação de políticas públicas e programas voltados para as mulheres, buscando corrigir injustiças sociais que atingem em especial as mulheres pobres, negras e indígenas.

Estamos com Dilma porque no seu governo houve determinação política para o fortalecimento dos espaços de elaboração e monitoramento de políticas para as mulheres, com fortalecimento da Secretaria de Políticas para as Mulheres, a ativa participação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, da realização da 3º Conferencia Nacional de Politicas para as Mulheres.

Estamos com Dilma porque sabemos que é preciso coragem e ousadia e determinação política para aprofundar as mudanças já iniciadas em 2003 e que rompem com a lógica das discriminações de gênero, raça e orientação sexual.

Estamos com Dilma porque a violência contra as mulheres é tratada como um grave problema social, que merece políticas de Estado como o Programa “Mulher: Viver sem Violência”.

Estamos com Dilma porque em seu governo foi implantada uma rede de políticas de proteção e inclusão social, como o Plano Brasil Sem Miséria, em que 22 milhões de pessoas foram resgatadas da extrema pobreza.

Estamos com Dilma porque no seu governo mais de 6 mil creches foram financiadas para atender nossas crianças com estímulos pedagógicos e cuidados de qualidade.

Estamos com Dilma porque o Programa Mais Médicos chegou em todo país, atendendo populações jamais assistida por um profissional de saúde.

Estamos com Dilma porque no seu governo foi instituído o Pronatec, oferecendo mais de 6 milhões de vagas para os nossos jovens.

Estamos com Dilma pela manutenção e ampliação dos direitos trabalhistas conquistados por trabalhadores no campo e nas cidades e pela PEC do trabalho doméstico, reconhecendo os direitos e a dignidade da maior categoria profissional feminina do país- as empregadas domésticas.

Estamos com Dilma porque o salário mínimo manteve a sua valorização, transformando a vida de milhares de pessoas.

Estamos com Dilma pela eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, preconceito, e porque queremos ser protagonistas das mudanças que farão deste país uma Nação mais justa, igualitária, livre da pobreza e de todas as formas de intolerância que violam a dignidade dos seres humanos – mulheres e homens.

Crédito/Fonte: Portal Vermelho

sábado, 16 de agosto de 2014

Criação da 28 Região Administrativa do Estado da Bahia


Fruto da incansável luta do deputado Luiz Leal,  o governador Waldir Pires, mediante ato publicado no Diário Oficial do Estado, criou a 28.a Região Administrativa do Estado da Bahia, sediada na cidade de Senhor do Bonfim.

A importância da cidade de Senhor do Bonfim cresceu e a comunidade ganhou com a criação da nova Região Administrativa. Abaixo publicamos ofício endereçado ao Deputado Luiz Leal, assinado pelo então governador, Dr. Waldir Pires, dando ciência ao deputado da criação da nova  Região Administrativa:


Transcrevemos o teor do ofício:

    GABINETE
          DO
GOVERNADOR



Ofício n. 1311/87-SG
Salvador, 15 de dezembro de 1987.

Senhor Deputado, meu caro Luiz

Com satisfação comunico ao prezado companheiro que, em ato publicado no Diário Oficial do dia 11 de dezembro do corrente ano, ficou criada a 28 Região Administrativa do Estado da Bahia. 

A criação da nova Região Administrativa, resultado da sua luta e do nosso partido, fruto das reivindicações incessantes dos nossos conterrâneos, confirma o espirito democrático do atual Governo no sentido da descentralização administrativa e da maior participação das comunidades da nossa terra na condução dos seus destinos. 

Cordiais Saudações 

Waldir Pires
Governador


EXMO. SR. DR. LUIZ LEAL
DD. DEPUTADO ESTADUAL
NESTA





quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Crônica "Meu pai", de Luiz Fernando Emediato


Às vésperas do Dia dos Pais, recebi essa crônica na qual o autor fala de seu pai. Quero que todos os pais que a lerem tomem como uma singela homenagem do blog a eles. A introdução abaixo também é do autor.

Há alguns anos, publiquei no Caderno 2 do “Estadão” uma crônica sobre meu pai aventureiro, um herói anônimo de nosso pais. Ele morreu em 2006, com 80 anos – muito jovem, para os padrões de nossa família, cujos membros começam a envelhecer aos 70 e morrem, geralmente de algum acidente, entre os 98 e 104 anos. Na véspera do Dia dos Pais, republico aqui aquela crônica.

MEU PAI

Luiz Fernando Emediato

Houve um tempo em que odiei meu pai. Eu era adolescente, um jovem triste com idéias suicidas e uma justificada revolta contra o mundo contraditório e injusto que só então começava a conhecer verdadeiramente. A descoberta da realidade foi sem dúvida um choque. E naquele tempo, por razões que só mais tarde pude compreender, eu odiei meu pai.

Meu pai era um homem gordo e aventureiro, desprendido da família, que gastou a melhor parte de sua vida correndo atrás de sonhos. Era um homem rude que arou a terra, plantou, colheu e perdeu. Escavou o solo atrás de ouro e diamantes e nada achou. Varou o mundo. Voltou de mãos vazias, mas sólido como um carvalho.

Em 1964, foi expulso de Brasília – para onde tínhamos ido, em busca da terra prometida – acusado de subversivo, janguista e comunista, ele que de política entendia tanto quanto a maior parte dos pobres e desinformados brasileiros. De desgraça em desgraça, meu pai acabou sem a família, separado da mulher e dos filhos, vendendo churrasquinho, doente e solitário numa rua do interior de Minas.

Foi então que aprendi a amar meu pai. O que teria acontecido entre nós?

Hoje, distanciado de tudo aquilo, e com marcas tão dolorosas quanto as que meu velho pai sem dúvida possuía em todo o corpo, penso que ser pai é uma atividade amarga e doce, com toda a sua carga de alegria e tristezas, mas de qualquer forma algo maravilhoso, se temos sorte ou não fechamos os olhos e o coração às duras verdades da vida.

Devo ter odiado meu pai porque ele nos amava de uma maneira especial, tão especial que poucos de nós, seus filhos, fomos capazes de compreender. Na infância, suas longas ausências e suas febris atividades o afastaram de nós, e sem dúvida tal carência marcou os pequeninos corações de seus filhos abandonados.

Acho que na adolescência tudo isso desaguou no ódio que sua grande ausência provocou. Mas, de repente, como numa iluminação, percebi que suas ausências não eram na verdade ausências: que, mesmo distante, ele, nosso pai, sempre estivera perto de nós, pois a presença dele era tão forte que não necessitava de seu corpo próximo de nós para que a sentíssemos.

Costumamos admirar os homens quando eles alcançam grandes sucessos na vida, tornam-se brilhantes, famosos, legendários, heróis. Aprendi a amar meu pai quando percebi que ele sempre fracassara em todos os seus projetos e que seria sempre um anônimo e sofrido cidadão brasileiro. Nenhuma de suas quedas o abateu, nem mesmo as mais terríveis, e quando vi a patética força humana que emanava daquele corpo descobri, entre lágrimas, que meu pai era um grande homem. Ele nada conseguira na vida, mas sua luta foi tão soberba que seria impossível não admirá-lo.

Assim como o Quixote, meu pai pertencia a essa classe de visionários sem os quais o mundo não anda. As pessoas comuns costumam considerar tais homens como loucos, ovelhas desgarradas, anormalidades. Pois eu digo que a História não se faz sem estes andarilhos anônimos, essas pequenas vidas que passam pelo mundo sem que ninguém perceba – mas é com seu anônimo esforço, multiplicado por um milhão, ou por um bilhão, que se faz a História de todos os homens.

Em 1984 eu escrevi um livro, “O Outro Lado do Paraíso”, e dediquei-o a meu pai. Foi o início da reconciliação. É o livro da vida dele, um livro escrito por um filho emocionado que se redimiu daquele ódio escrevendo não só sobre o que tinha sido, mas também sobre o que poderia ter sido se os homens fossem mais francos e se entre eles houvesse diálogo para acabar com toda a dor, toda a incompreensão, toda a injustiça.

Fui amigo de meu pai e ele foi meu amigo. Na solidão anônima de sua velhice apagada numa cidade de Minas Gerais, ele continuava, no entanto, grande, poderoso, correndo ainda atrás de sonhos, miragens, delírios. Ilusões. Mas o que mais nos mantém erguidos num mundo em que só a utopia, e mais nada, merece verdadeiramente nossa atenção?

Tenho três filhos adultos – Alexandre, Rodrigo e Fernanda – e um de seis anos, Antonio, e fico imaginando o que ele, Antonio, pensará de mim dentro de alguns anos, quando chegar à adolescência e começar a fazer perguntas mais profundas e intensas que as que já faz hoje, tão infantis, mas tão certeiras. Assim como meu pai, também eu persigo minhas miragens, meus sonhos – também eu me afasto inevitavelmente de meus filhos, subjugado pela força poderosa dos projetos quase irrealizáveis.

A carência humana é um poço sem fundo que jamais se completa.

Mas eu espero que, quando chegar o grande momento da verdade, meus filhos saibam compreender-me, e eu a eles, como compreendi meu pai, e como meu pai me compreendeu – mas também espero que eles me compreendam mais cedo (e eu a eles), para que não soframos, ou soframos menos.

Agora, quando mais uma vez o comércio – que pensa mais em lucros que propriamente em amor – explora esse Dia dos Pais, eu me pergunto se tal data não pode ser também um pretexto (mais um) para que meditemos a respeito de nós mesmos, nossos relacionamentos, nossos erros, nossa intolerância, e descubramos o difícil caminho do amor.

É com palavras que se constrói o diálogo capaz de aproximar e de unir as pessoas. Por timidez, covardia ou preguiça, muitas vezes hesitamos em abrir para o outro nossos duros corações. Mas nada é mais rico e gratificante do que a compreensão que vem daí – do diálogo amoroso – e nada torna o homem mais feliz e rico do que a sinceridade, a descoberta de que nem tudo aquilo que sentimos ao longo de tantos anos era verdadeiro. Sim, houve um tempo em que odiei meu pai. Foi fascinante descobrir que sempre o amei.

*Publicação livre

Luiz Fernando Emediato é editor e publisher da Geração Editorial

Fonte: BLOG DO ALDO

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Caio Fernando Abreu, vai passar...

Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. “É melhor viver do que ser feliz”. Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida.Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, dói demais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Odiodependência: vício em ódio

O homem, de forma geral, combate à droga por ser nociva à saúde física e mental. Pois bem: vou colocar o ódio no mesmo patamar de uma droga potencialmente nociva e destruidora. Assim como a droga, o ódio também vicia, causa a dependência psicológica que é caracterizada por um estado mental da necessidade de sentir sensações de decepção.

A “overdose” de ódio também pode matar a si mesmo (depressão, suicídio, câncer, infecções, doenças autoimunes, acidentes automobilísticos, paradas cardíacas e respiratórias, etc.) e aos outros (assassinatos, latrocínios, etc.) A compulsão para odiar, assim como a compulsão para usar drogas, se caracteriza por um estado de obsessividade e submissão que escraviza a vontade e submete o desejo da pessoa. Em alguns indivíduos, a compulsão para odiar é mais forte que sua vontade de amar, perdoar e até de viver – o ódio é que comanda sua vontade e seu corpo.

Como disse o escritor irlandês Joseph Murphy (1898-1981),

“A personalidade odiosa, frustrada, distorcida e deformada está fora de sintonia com o Universo. Inveja os que têm paz, que são felizes, generosos e alegres. Geralmente critica, condena e difama aqueles que lhe demonstraram generosidade, bondade e compaixão. Assume a seguinte atitude: ‘Por que ele deve ser tão feliz se eu sou tão desgraçado?’ Deseja atrair a todos para o seu próprio padrão de vida. O seu infortúnio necessita companhia.”

O pensamento do viciado em ódio e suas expectativas giram, principalmente, em torno de uma maneira de odiar mais, de se apegar mais ao objeto de seu ódio e encontrar uma forma de espalhar este sentimento negativo em volta de si mesmo. Assim, atolando-se no “pântano” da autopiedade, o odiodependente corre o risco de entrar num estado agudo de depressão, que poderá levá-lo, consciente ou inconscientemente, a uma forma de autoeliminação – suicídio, acidentes ou doenças.

Nesta fase, o ódio já ocupa o lugar central em sua vida e o submete de forma completa. Como disse o escritor norte-americano Hosea Ballou (1771-1852), “Odiar é punir- se a si mesmo”.

Na década de 30, o médico e psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) já falava sobre a importância do ódio nos desequilíbrios – tanto mentais quanto físicos – do ser humano. É sempre bom lembrar que a pessoa que muito odeia é porque está com seu amor “ferido”, machucado, pisado.

E como tratar odiodependente? Aqui entra minha experiência como psicoterapeuta e minha forma de tratamento: Geralmente, assim como os viciados em drogas, os viciados em ódio não querem ajuda e fazem sofrer as pessoas que com eles convivem.

Condição importante: O odiodependente tem que se predispor ao tratamento, que segue os mesmos padrões de um toxicodependente, isto é, tratamento psicológico com um bom terapeuta que tenha uma visão holística/sistêmica (visão integral do ser humano), e também com um bom médico psiquiatra para uma cobertura com medicação adequada, em situações que se fizerem necessárias, tais como o caso em que o paciente odiodependente esteja com sintomas de depressão aguda, na iminência de suicídio.

É importante deixar claro que, em caso de depressão em fase aguda, a medicação farmacológica é necessária num primeiro momento, pois ela é fundamental para colocar “a casa interna” do paciente em ordem, trazendo, assim, uma estabilização emocional de forma rápida e eficaz. Desta forma, ele poderá dar início, através de um tratamento psicoterapêutico, à conscientização da emoção que o levou a “fazer” a depressão. Em minha prática psicoterapêutica, utilizo tratamentos complementares com Florais de Bach e Homeopatia que, juntos aos medicamentos alopáticos e a terapia, terão uma ação extremamente positiva na recuperação e harmonização emocional do paciente.

Assim, a meu ver, a etapa mais importante no tratamento da odiodependência é a conscientização do seu ódio, para que o indivíduo tome a decisão do perdão.

Voltando a Joseph Murphy, “Salientam os médicos que essas pessoas doentes, que foram magoadas, maltratadas, enganadas ou prejudicadas estão cheias de ódio e ressentimento contra os que as feriram. Isso provoca feridas inflamadas e supuradas em seus subconscientes. Só há um remédio: elas têm que eliminar e descartar-se dos seus ferimentos e o único caminho seguro para isso é o perdão ”

Finalizando, lembre-se do que recomendou Jesus Cristo quando perguntaram a ele sobre quantas vezes devemos perdoar um ofensor:

“Eu não vos digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.”

Com isso, imagino que o Cristo, como um grande conhecedor da alma humana, quis dizer que devemos perdoar quantas vezes se fizerem necessárias. Afinal, o perdão que exercemos em relação a nós e aos outros é essencial para a nossa saúde, felicidade e sucesso.

Fernando Vieira Filho é psicoterapeuta e autor do livro “CURE SUAS MÁGOAS E SEJA FELIZ!”, pela Barany Editora

http://curesuasmagoasesejafeliz.blogspot.com.br/
Fonte: http://www.bdci.tv/odiodependencia-vicio-em-odio/
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